A Liga Mundial de Voleibol de 2002 foi um torneio organizado pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB). Foi a décima terceira edição da Liga Mundial de Voleibol, uma competição realizada desde 1990. Composta por partidas semanais, a competição foi disputada por dezesseis seleções entre 27 de junho e 18 de agosto.
Na primeira fase, denominada "intercontinental", os participantes foram divididos em quatro grupos e disputaram partidas contra os membros do próprio grupo nas condições de mandante e visitante. No término desta, cada seleção atuou doze vezes e as duas melhores de cada grupo se classificaram. Em seguida, as oito seleções qualificadas protagonizaram dois grupos sediados em Belo Horizonte e Recife. Após seis partidas, as duas melhores de cada grupo se classificaram para as semifinais.
Após quase ter sido eliminada, a Rússia obteve um triunfo sobre os anfitriões brasileiros e conquistaram o primeiro título da nação nesta competição. Já o bronze ficou com a Iugoslávia, que venceu os italianos.
Antecedentes
A Liga Mundial de Voleibol nasce de uma ideia concebida em 1987, na qual a Federação Internacional de Voleibol pretendia criar uma competição que propiciaria uma maior visibilidade. Uma das características peculiares desta é a estrutura itinerante da competição, com os participantes viajando constantemente.[1] Nas últimas doze edições, a organização distribuiu 76 milhões de dólares, com a Itália recebendo a maior parte desse montante. Esta lidera a competição, conquistando oito vezes o título em doze oportunidades. Logo em seguida vem o Brasil, detentor de duas conquistas. Por fim, Cuba e Países Baixos completam o quadro dos campeões com um título cada.[2]
Participantes e regulamento
O regulamento da décima terceira edição permaneceu idêntico ao do ano anterior: as dezesseis nações de elite que participaram foram divididas em quatro grupos. Essa fase inicial denomina-se "intercontinental" e prossegue por seis semanas. Nesse ínterim, cada equipe disputou doze partidas confrontando os adversários do mesmo grupo, classificando as duas melhores de cada ao término da sexta semana. O Brasil, por sua vez, qualificou-se automaticamente para a próxima fase por sediar a competição nos municípios de Belo Horizonte e Recife.[3][4] Os dezesseis participantes foram: Alemanha, Argentina, Brasil, China, Cuba, Espanha, França, Grécia, Itália, Iugoslávia, Japão, Países Baixos, Polônia, Portugal, Rússia e Venezuela.[3]
A competição iniciou em 27 de junho, prosseguindo na fase intercontinental por seis semanas. O Brasil iniciou o grupo A disputando o derby sul-americano contra a Argentina e triunfou nas duas ocasiões (3–1 e 3–0). O segundo embate terminou com uma vitória de Portugal diante da Polônia (3–2); contudo, os poloneses devolveram o placar no dia seguinte.[5] Os sul-americanos saíram vitoriosos na segunda semana, com o Brasil permanecendo invicto.[6] Porém os poloneses retiraram esse invencibilidade com um triunfo em Goiânia e voltaram a derrotar os brasileiros nas duas partidas em territórios polonês. Já os lusos se recuperaram com duas vitórias sobre os argentinos, mas terminaram perdendo em território adversário.[7][8] Com esses resultados, o Brasil liderava o grupo ao término da quinta semana e era seguido pela Polônia; o posicionamento não sofreu alterações na última semana.[9][10] No grupo B, a Itália predominou do início ao fim e venceu onze das doze partidas disputadas. A seleção europeia somente foi derrotada para a China durante a terceira semana[7]. Com o desempenho positivo, os italianos terminaram na liderança do grupo, ultrapassando a Espanha na quinta semana. Apesar dos reveses, os espanhóis se classificaram em segundo do grupo.[9][10]
A Rússia também dominou a classificatória, qualificando-se na liderança e com uma ampla vantagem sobre os Países Baixos, segundo do grupo.[6] Apesar da derrota diante da Alemanha logo na segunda semana, os russos se recuperaram e triunfaram nas demais partidas.[10] Já o último grupo iniciou com duas vitórias de França e Grécia sobre Iugoslávia e Japão, respectivamente.[5] O ímpeto francês permaneceu, a equipe se classificou com tranquilidade mesmo terminando a classificatória com três derrotas. A segunda vaga ficou com a Iugoslávia, que conquistou dois pontos a mais do que a Grécia.[10]
As oito equipes qualificadas foram divididas em dois grupos. Os jogos do primeiro foram disputados no ginásio Geraldo Magalhães, em Recife. O líder do grupo foi o Brasil, que venceu os seus três adversários.[11] As demais posições foram marcadas por um empate triplo entre Espanha, Países Baixos e Rússia. Os posicionamentos terminaram sendo decididos pelo coeficiente de sets vencidos por cada nação, o set average, um critério de desempate que beneficiou os russos.[12] No grupo de Belo Horizonte, Itália e Iugoslávia garantiram a classificação na segunda rodada.[13][14] Os italianos venceram o embate pela liderança,[15] enquanto Polônia e França, eliminadas, completaram o grupo.[16] Dois dias depois do término da classificatória, as semifinais foram realizadas; Brasil e Iugoslávia iniciaram o embate. No início da partida, os brasileiros apresentaram uma deficiência no serviço e enfrentaram uma diferença de 23 a 20. Apesar dos anfitriões conseguirem o empate, os iugoslavos saíram vitoriosos no set. O jogo prosseguiu com uma ampla vantagem brasileira, a Iugoslávia sofria com os erros forçados e os eficientes contra ataques do adversário – porém, conseguiu vencer o quatro set e empatar a partida. O tie breaker foi marcado por momentos, os brasileiros abriram vantagens na pontuação por duas ocasiões, mas cederam a igualdade. O equilíbrio permaneceu até o décima sexto ponto, quando os anfitriões pontuaram duas vezes na sequência e encerraram a partida.[17][18] Poucos minutos depois, a seleção italiana defendeu a hegemonia diante dos russos; contudo, a maior campeã da competição foi superada com tranquilidade.[19][18]
No dia 18 de agosto, a Iugoslávia superou uma equilibrada partida contra a Itália. Os países vizinhos protagonizaram um embate intenso; aos 25 minutos, o placar apresentava um empate por 23 pontos. Andrija Gerić, no entanto, pontuou e abriu a vantagem para os iugoslavos, que concretizaram a vitória no set com um bloqueio (28–26). A equipe balcânica conquistou também o segundo set, revertendo quatro pontos de desvantagem; contudo, garantiram a medalha de bronze somente no quarto set.[20] O embate decisivo ocorreu no mesmo dia, os anfitriões brasileiros iniciaram a partida em desvantagem no placar; os russos, com uma ampla colaboração defensiva de Alexei Kuleshov e Roman Iakovlev, neutralizaram os ataques dos adversários. Aos catorze minutos, Andrey Yegorchev pontuou de bloqueio e aumentou o marcador (17–13). Com uma atuação mais eficiente, a vantagem russa permaneceu até o término do set, garantindo o triunfo. O set posterior seguiu mais equilibrado, com as equipes alternando o comando do placar; contudo, Vadim Khamuttskikh proveio bons serviços, contribuindo para uma nova vitória russa, 2–0. Necessitando de um resultado positivo para prorrogar a decisão, os brasileiros reverteram uma desvantagem no terceiro set e diminuíram o placar com dois pontos de saque de Gustavo Endres. No entanto, os russos venceram o quarto set e conquistaram o primeiro título na história da Liga Mundial.[12][21][22]
Após o término da competição, o iugoslavo Ivan Miljković totalizou 61 pontos, sendo 56 ataques, três bloqueios e dois serviços. Ele foi condecorado com o prêmio de maior pontuador, equivalente ao Most Valuable Player.[23][24] Este e o líbero brasileiro Sérgio Dutra Santos, com uma razão eficiente de 2.89, foram os dois não russos condecorados.[25] Os demais premiados foram: Pavel Abramov (melhor atacante e receptor),[26][27]Vadim Khamuttskikh (melhor levantador e sacador),[28][29] e Alexei Kuleshov (melhor bloqueador).[30]
Os horários das partidas correspondem aos horários oficiais de cada país.
Referências
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